A morte de Glauco Velásquez faz com que todos os personagens mencionados anteriormente (Francisco Braga, Henrique Oswald, Luciano Gallet, Paulina d'Ambrosio, Frederico Nascimento, entre outros) em diversas ocasiões apareçam reunidos em prol da divulgação da música do compositor recém-falecido . Por essa razão, foi fundada a Sociedade Glauco Velásquez e durante quatro anos a sociedade organizou concertos e impressões de suas obras (MORAES; VERZONI, 2014).
A atuação de Adelina durante o período vigente da sociedade foi discreta. Ela não foi presidente, não esteve a frente das burocracias, mas esteve a frente do que mais interessava a Glauco Velásquez: seus manuscritos. Luiz Heitor (2016) afirma:
“...ela fora o melhor elemento da Sociedade Glauco Velásquez, na qual ocupava o cargo de arquivista, visto achar-se com ela todo o acervo dos manuscritos do inditoso compositor”.
Apesar de Luciano Gallet, em carta a Mário de Andrade, afirmar que foi ele quem fundou a sociedade Glauco Velásquez, é possível que Adelina Alambary Luz teve responsabilidade sobre a fundação da Sociedade tanto quanto ele (MORAES; VERZONI, 2014). Neste grupo, Adelina se oficializa como arquivista somada à função de copista que vinha sendo desde que o compositor chegara ao Brasil.
As funções de copista
Glauco Velásquez possui uma obra considerável (por volta de 130 peças) cujos manuscritos encontram-se no acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ e no acervo de música da Biblioteca Nacional. Quanto aos registros, não há certeza se são do compositor ou de dona Adelina. José Maria Neves (2002) afirma:
“... a semelhança entre as grafias de Velásquez e de sua mãe, Adelina Alambary Luz, impede a clara definição de procedência. [...] É como se Adelina se esforçasse mesmo por imitar com precisão o ponto musical do filho, fazendo com que sua escrita se confundisse com a dele”.
Durante as pesquisas foram encontradas cartas de Adelina que datam desde 1916 - da época do funcionamento da sociedade - em que existem conversas suas com Luciano Gallet que fora secretário da mesma. Inicialmente são cartas que mostram suas obrigações com a sociedade Glauco Velásquez e posteriormente mostram que a amizade entre ambos dura já alguns anos, pelo menos até a década de 1930, próximo da morte de Gallet.
Uma das cartas de Adelina
Em junho de 1916 Adelina Alambary escrevia para Luciano Gallet. Neste documento são encontradas uma lista de partituras que seriam enviadas para Gallet por conta de um concerto da sociedade Glauco Velásquez. Ao lado das peças há o nome de seus executantes.
O conteúdo refere-se também aos dados das primeiras audições de peças-chave de Glauco Velásquez.
Outros exemplares da atividade de Adelina merecem novos textos, pois a quantidade de documentos encontrados foi bastante ampla.
Adelina Alambary demonstra sua importância de modo sutil. Sem grandes louros, sua atuação aparece bastante documentada.
Referências
LUZ, Adelina Alambary. Carta Manuscrita. Paquetá:06/06/1916.
MORAES JUNIOR, Jaime Ninice de; VERZONI, Marcelo. A Sociedade Glauco Velásquez (1914-1918) e sua história musical no Rio de Janeiro. Anais do 13º Colóquio de Pesquisa do PPGM da UFRJ, p.129, 2014.
HEITOR, Luiz. 150 anos de música no Brasil (1800 – 1950). Rio de Janeiro. Editora Fundação Biblioteca Nacional. 2016.
CARNEIRO, Maria Cecília Ribas; NEVES, José Maria, Glauco Velásquez, Coleção Academia Brasileira de Música, Vol.1, Rio de Janeiro: 2002, editora Enelivros.
VELÁSQUEZ, Glauco Sonata 1ª (violoncelo e piano), Allegro/ Larco/ Finale – Cópia manuscrita / Data: Méier: 06/10/1910.
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