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Foto do escritorAgata Christie

A linguagem de Glauco Velásquez

Atualizado: 27 de ago. de 2020













A estética de Glauco Velásquez se apresenta bastante complexa. O exame aprofundado de suas quatro sonatas na recente pesquisa sob o título Aspectos estéticos estilísticos das sonatas de Glauco Velásquez é responsável pela tradução de sua linguagem. É possível afirmar que a Sonata “Delírio”, 1909, para violino e piano de glauco Velásquez é a representação das influências a que Glauco Velásquez teve contato. Nesse caso, o tratamento do violino, a textura de recitativo e o uso da forma cíclica representam a influencia de Cesar Franck. Já os acompanhamentos harpejados e os acordes fechados e de sonoridade colorida representam técnicas similares às de Debussy. Os cromatismos e a dramaticidade se apresentam enquanto influência de Wagner (SILVA, 2020).


Nas três sonatas seguintes, como a Sonata I (“Appassionata”), 1910, para violoncelo e piano, Sonata 2, 1911, para violino e piano e Sonata II, 1912, para violoncelo e piano, temos a dissolução do centro tonal. Desse modo as influências citadas anteriormente aparecem mais diluídas. No entanto, a estética de Glauco Velásquez se aproxima mais da escola alemã quando se trata da conexão com o contraponto intrincado. Em todas as sonatas Velásquez permanece o trabalho com ideias melódicas curtas através do recurso de transformação motívica. Nesse sentido, a seção de desenvolvimento temático passa a ser desfuncionalizada.

Na linguagem de Glauco Velásquez também é possível compreender uma tendência à expressividade romântica e ao tratamento do som enquanto cor, visto como recurso que persiste enquanto influencia de Debussy. Alguns estudiosos, como J.J. de Moraes(1977), chegaram a dizer que Velásquez fora influenciado por Schoemberg antes do dodecafonismo, principalmente nas obras do fim de sua vida como a Sonata II, 1912.

Os principais trabalhos acadêmicos acessados (AMORIM, 2016; BERNARD, 2012; Campos, 2006; Hasselaar, 1994, entre outros), cujo tema foram o exame seja performático ou analítico de obras de Glauco Velásquez, mostraram pontos divergentes quanto à características de escrita. No entanto, entre estes trabalhos foram encontrados convergências. Além disso, no livro de Carneiro e Neves (2002), que muito já apareceu por aqui, também existem comentários sobre as obras de Glauco Velásquez. A soma dos dados desses trabalhos com o exame profundo das sonatas do compositor foram parte importante para considerações sobre o estilo de Glauco Velásquez.


Referências


AMORIM, Évertom Rodrigo. Sonata Op. 61, “Delírio” para Violino e Piano de Glauco Velásquez: Processos para construção de interpretação. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, USP, 2016.

BERNARD, Marie Stephanie Jeanne. Sonata 2 para violoncelo e piano (1912) de Glauco Velásquez: Estudo interpretativo e tratamento editorial da obra. Dissertação (Mestrado). UFMG, 2012.

CAMPOS, José Eduardo Silveira Oliveira. A poesia, a música e a performance da canção: “Alma minha gentil” - Um estudo de caso na obra de Glauco Velásquez. Dissertação (Mestrado), UNESP, 2006.

CARNEIRO, Maria Cecília Ribas; NEVES, José Maria, Glauco Velásquez, Coleção Academia Brasileira de Música, Vol.1, Rio de Janeiro: 2002, editora Enelivros.

HASSELAAR, Silvia. Glauco Velásquez: Elementos Característicos de Produção Pianística e Catálogo Completo de suas obras. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro. UFRJ, 1994.



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