Tudo referente ao mundo musical durante boa parte do século XX era noticiado nos jornais. Desde concertos, programas de concertos, a chegada de algum artista internacional até os feitos de um grande músico nacional. Entre outras coisas, todos os espetáculos culturais assim como as críticas realizadas por colunistas desses respectivos jornais.
Em todo caso, Glauco Velásquez em seu tempo vivente foi alvo de críticas, tanto a favor de suas ideias inovadoras quanto as indignações daqueles que eram absorvidos pela manutenção dos moldes clássicos na escrita musical. Mesmo depois de sua morte, o compositor ainda era assunto, pelo menos enquanto a sociedade Glauco Velásquez ainda existia.
Ao que parece Adelina, mesmo morando fora da cidade do Rio de Janeiro e apresentando-se com residência na ilha de Paquetá, esteve ligada a cada reportagem e texto que surgisse nos jornais a respeito de Glauco Velásquez. Neste texto, será apresentada uma carta de Adelina escrita em Paquetá, a 29 de julho de 1916, endereçada a Luciano Gallet.
Nesta carta, Adelina destaca a ausência do nome de Glauco Velásquez dos jornais. Esse é o vestígio do que começa a acontecer. De forma discreta o início do desaparecimento do nome de Glauco Velásquez dos jornais apresenta o prenúncio daquilo que aconteceria alguns anos depois. Neste manuscrito Adelina demonstra "um fio" de preocupação sobre a divulgação das obras de Velásquez. Pode-se imaginar, ou supor, que Luciano Gallet se emprenhara sempre que pôde para que Glauco Velásquez se fizesse vivo através de suas ideias musicais.
Ao ler as notícias dos periódicos da época, como o Jornal do Commercio, O PAIZ, A Notícia, entre outros, fica claro a quantidade de colunas dedicadas a crítica musical. Parece que, em geral naquele início de século XX, todos estavam ligados nos concertos internacionais, nas proezas dos compositores como Alberto Nepomuceno e Francisco Braga, por exemplo.
Por outro lado, as tendências que circulavam com novos compositores que iam surgindo, como Glauco Velásquez fixavam-se, ainda que houvesse conflito entre músicos, críticos conservadores e progressistas.
No conteúdo deste manuscrito Adelina questiona a ausência do nome de Glauco Velásquez dos jornis e mais suas palavras contestariam prováveis críticas de jornal sobre as obras de Glauco Velásquez. O trecho refere-se, entre outros assuntos o nome de Glauco Velásquez aparecer no Jornal do Commercio, e suas obras parecem incompreendidas.
Em outro ponto, ela interroga Gallet, que é seu porta-voz das notícias da sociedade, quando se referia a solicitação e execução de obras, além das datas dos concertos. Em trecho da carta Adelina aponta:
“O nome de Glauco nem hoje foi citado no Jornal do Commercio. Para quando fica o concerto? A sociedade teria deixado de ser de músicos para ser de mudos distintos? Terá-o deixado o concerto para depois que o governo mandar uma intimação para entregar as composições de Glauco Velásquez consideradas patrimônio nacional? O rabisco, precisa não continuar a negar as belezas dessas composições, para que lhe constituem a sua alta compreensão, e, portanto, as inclua agora em programas. Sendo esta a razão, não há de admirar”.
LUZ, Adelina Alambary. Carta Manuscrita. Paquetá. 29/07/1916. Acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ.
CARNEIRO, Maria Cecília Ribas. José Maria Neves. Glauco Valásquez. Rio de Janeiro: Enelivros. 2002.
Σχόλια