A polaridade foi tão intensa sobre a obra de Glauco Velásquez que o próprio compositor decide se posicionar.
Um dos elementos mais interessantes encontrados ao longo da pesquisa foi a visão de Glauco Velásquez sobre a própria obra. Através de trecho de seu depoimento pode ser visto como ele mesmo se enxerga enquanto compositor, além de suas ideias quanto o fazer música.
Neste texto, será destacado um trecho de sua carata ao crítico Rodrigues Barbosa em que ele explica porque e para quem escreve. Porque sua linguagem possui características que tanto mexeram com as mentes de seu tempo. Inicialmente Glauco Velásquez fala porque faz música:
“Respondendo com prazer sua carta, eu desejo unicamente demonstrar algumas ideias e o motivo que justifica, nos meus trabalhos, o abandono dos moldes clássicos. Sirvo-me da música para expandir os meus sentimentos, as impressões, o ideal que eu sonho, mas cuja forma lógica para dizê-los está subordinada ao meu modo de ser".
Posteriormente, Glauco Velásquez aponta seu primeiro concerto e a peça que foi mais criticada na ocasião. Nesse trecho, foi visto então que sonata a qual Velásquez apontava era sua primeira sonata para piano e violoncelo, cujo subtítulo fora dado por ele nesta carta. Porém, nos manuscritos esta sonata não possui tal subtítulo.
"Satisfazendo a pedidos, realizou-se a 20 de novembro de 1911 o meu primeiro concerto. Eu sei que as peças incluídas no programa talvez a mais desfavoravelmente criticada por um grupo de músicos talvez a Sonata Appassionata para piano e violoncelo. Não pretendo me defender da crítica prematura feita a um trabalho cujos moldes diferem da forma clássica e são desconhecidas...” (VELÁSQUEZ, 1912 em CARNEIRO; NEVES, 2002, p.52).
O depoimento de Glauco Velásquez possui vários pontos interessantes que merecem ser discutidos separadamente. Nesse caso, o objetivo foi mostrar o que ele pensa sobre o ato de fazer música, e especificamente sobre sua música. Este depoimento demonstra que não importaram para ele as divisões causadas por um modo de pensar considerado musicalmente complexo. Mas que sua música foi ouvida e esteve no mundo enquanto ele viveu.
Bibliografia
CARNEIRO, Maria Cecília Ribas; NEVES, José Maria, Glauco Velásquez, Coleção Academia Brasileira de Música, Vol.1, Rio de Janeiro: 2002, editora Enelivros.
VELÁSQUEZ, Glauco. Sonata 1ª (violoncelo e piano). Allegro/ Larco/ Finale. Cópia manuscrita / Data: Méier: 06/10/1910.
Foto Glauco Velásquez. Commemorações. O PAIZ. 21/06/1915.
Foto Rodrigues Barbosa. VOLPE. MAria Alice Volpe. José Rodrigue Barbosa: Questões identitárias da crítica musical. Rio de Janeiro: Revista Brasiliana. n.25. 2007.
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