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Foto do escritorAgata Christie

O refúgio de Glauco Velásquez e Adelina Alambary Luz na Ilha de Paquetá



Quem nunca foi ao Rio de Janeiro não tem ideia do tamanho da cidade e menos ainda do estado. A história de Glauco Velásquez, em âmbitos geográficos girou em torno da cidade do Rio de Janeiro (antigo Distrito Federal no início do século XX) e da Ilha de Paquetá localizada, entre muitas outras, no meio da Baía de Guanabara.


Mapa da Ilha de Paquetá disponível em Google Maps. Acesso em:18/09/2020

É uma ilha grande com viés turístico bastante famosa por ter se servido de cenário para o romance A moreninha (1844) de Joaquim Manuel Macedo.

Adelina Alambary Luz esteve toda sua vida entre as localidades do Rio de Janeiro e a Ilha de Paquetá. Desde o momento em que "adotou" Glauco Velásquez, como Maria Cecília Ribas Carneiro (2002) menciona, Velásquez vai com ela.

Para quem interessar possa, a história mirabolante da vida de Glauco Velásquez e sua relação com Adelina apareceu em posts anteriores (https://www.historiasdegvelasquez.com/post/a-biografia-controversa-de-glauco-vel%C3%A1squez).


A propriedade na Ilha de Paquetá


Enquanto moça de família rica Adelina possuía seu recanto particular para viver com seus entes. Junto com os vários fatos relatados a casa onde Alambary e Velásquez viveram nos idos de 1900 na Ilha de Paquetá se mostra como um belo personagem. Aqui podemos dar destaque a famosa Ilha onde a família Alambary Luz possuía sua propriedade. Um local paradisíaco no meio da Baía de Guanabara se ostra um refúgio perfeito. Pensemos. Se hoje a Ilha é considerada afastada do centro do Rio e Janeiro, imagina naquela época!?

Adelina era uma mulher de família influente, e dentre suas posses existiu um palacete na famosa Ilha. Maria Cecília Ribas Carneiro (2002) aponta:

"Era um solar de proporções imponentes para os moldes de então. Seus salões receberam todos os visitantes ilustres que forma à ilha, inclusive o próprio Imperador D. Pedro II. Nele se realizaram festividades luxuosas, a que compareciam convivas numerosos vindos da Corte. Anexo ao Edifício existia um pequeno teatro, onde os proprietários promoviam espetáculo e concertos com artistas trazidos especialmente. Quando Adelina era jovem e pontificava no solar, este foi frequentado por artistas e intelectuais" (CARNEIRO; NEVES, 2002, p.9).

Uma casa de grandes dimensões que fora o refúgio de Adelina Alambary Luz em Glauco Velásquez durante o ano de 1901. E dali para outros lugares no Rio de janeiro foi Glauco Velásquez com ela (CARNEIRO; NEVES, 2002).


O paradeiro da propriedade


Uma publicação no jornal Correio da Manhã de 23/06/1936 a propriedade do Dr. José Carlos d'Alambary Luz, pai de Adelina Alambary Luz, após a morte da mãe de Adelina Alambary, foi vendida e loteada. Magalhães Corrêa (1936) autor do texto explica:

Por morte de D. Adelaide Adelina de Serqueira d’Alambary Luz em 1º de Outubro de 1897, seu esposo legou a capela de São Roque em seu nome e no de seus filhos Adelina Serqueira d’Alambary Luz e Pedro Serqueira d’Alambary Luz. Demolida a capela outra foi construída, reservada a tribuna especial para a familia. [...] A fazenda de São Roque, foi retalhada no correr dos anos, pois o dr. José Carlos de Alambary Luz, viúvo, vendeu por escritura de 25 de abril de 1907 ao general José Alipio Macedo Fontoura Costellat [...]".


Em outra parte do texto publicado no jornal Correio da Manhã o autor Magalhães Corrêa (1936) delineia as medidas da fazenda São Roque:

“o terreno que vai do limite norte da chácara do transmitente na mesma praia até dar no Campo de São Roque , no rumo d eixo do mesmo caminho, tudo na extensão de 120 metros e com fundos até a linha das vertentes do mesmo morro, que separa naquela ilha a praia do estaleiro, da Praia comprida e do Campo de São roque [...]" (CORRÊA, Correio da Manhã, 1936).


Quanto ao paradeiro da fazenda loteada na Ilha de Paquetá, Magalhães (1936) aponta a compra pelo Estado para construir um reservatório de água na localidade:

"[...] foi comprada pelo general José Alipio M.F. Costellat em 4 de novembro de 1907, [...] a área de 1.750 metros quadrados, o terreno no lugar denominado caminho da Praia do Morro da Boa Vista, para a construção do reservatório d’água - comprada com a condição de poder o pessoa da Inspetora de Obras Públicas transitar pelos terrenos da propriedade do vendedor, tratando-se de serviços de encanamento" (CORRÊA, Correio da Manhã, 1936).

Apesar de documentos que comprovam venda de parte da propriedade da familia Alambary Luz, Adelina deve ter voltado a viver na Ilha de Paquetá. Pois existem documentos, cartas manuscritas dela para L. Gallet que comprovam sua morada por lá. Desse modo, é possível afirmar que após a morte do filho, ainda durante a existência da Sociedade Glauco Velásquez. A partir de 1916, quando constam as cartas encontradas a Luciano Gallet durante suas funções de arquivista e depois de deixar o cargo, Adelina se mostra em Paquetá e lá permanece até a década de 1930.

Conforme a publicação do obituário de Glauco Velásquez o compositor foi enterrado no Rio de Janeiro. Entretanto, Adelina parece ter vivido em Paquetá antes disso, pois Luciano Gallet esteve também com ela em meados de 1915, ano subsequente a morte de Glauco Velásquez. O compositor afirma que ela foi uma de suas grandes incentivadoras assim como fez com Glauco Velásquez (GALLET apud Carneiro; Neves, 2002) .


Abaixo ilustrações de paisagens postais das belezas da Ilha de Paquetá publicadas entre 1933 e 1936 no Correio da Manhã


A cidade do Rio de Janeiro na história de Glauco Velásquez


Também se sabe que como Glauco Velásquez estudou no Instituto Nacional de Música em meados de 1903 o Rio de Janeiro fora também seu palco como cena de sua carreira e posteriormente como palco para o seu dramático fim, uma vez que o compositor faleceu numa casa na Rua São Francisco Xavier no que hoje seria o bairro da Tijuca no Rio de Janeiro (CARNEIRO; NEVES, 2002).

Com base nas informações desse artigo publicado por Magalhães Corrêa (1936) é visto que posteriormente nesse mesmo ano, em 1907, Glauco Velásquez junto com Adelina e sua família foram morar no Rio de Janeiro por aproximadamente dois anos (CARNEIRO e NEVES (2002).

Foto publicada no livro "Glauco Velásquez", M. C. R. Carneiro e J. M. Neves, (2002).

Apesar das relações de Adelina e de suas funções como arquivista da sociedade Adelina de manteve entre Paquetá e o Rio de Janeiro. Uma vez que esta senhora ainda era portadora dos manuscritos e de outros documentos relacionados à Glauco Velásquez, pelo menos até 1917 até sua desistência de suas funções.

De outro modo, não se sabe se Adelina manteve posse do casarão da antiga fazenda são Roque, mas há indícios de que o famoso palacete pode ter sido mantido com a familia Alambary Luz e sido o lar da ex-arquivista.

No início do século XX, Carneiro (2002) relata que o palacete da fazenda São Roque em Paquetá tornou-se propriedade do Estado do Rio de Janeiro e foi sede de uma escola na ilha.


Referências


CARNEIRO, Maria Cecília Ribas. NEVES, José Maria. Glauco Velásquez. Vol.1. Coleção Academia Brasileira de Música. Enelivros. 2002.

CORRÊA, Magalhães. Guanabara como natureza - Águas cariocas - VIII - Ilha de Paquetá. Correio da Manhã. 06/12/1936. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=089842_04&pagfis=37277&url=http://memoria.bn.br/docreader# Acesso em: 17/09/2020.

CORRÊA, Magalhães. Guanabara como natureza - Águas cariocas - VIII - Ilha de Paquetá. Correio da Manhã. 13/12/1936. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=089842_04&pagfis=37277&url=http://memoria.bn.br/docreader# Acesso em: 18/09/2020.

CORRÊA, Magalhães. Paquetá, A Pérola de Guanabara e seu padroeiro São Roque. Correio da Manhã. 20/08/1933. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=089842_04&pagfis=37277&url=http://memoria.bn.br/docreader# Acesso em: 17/09/2020.

Foto da sede da Fazenda São Roque em Paquetá. Disponível em: http://brasilianafotografica.bn.br/brasiliana/handle/20.500.12156.1/6869 Acesso em: 17/09/2020.


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